Além de indicar a saúde do rebanho, a CCS impacta diretamente na produção de leite e nos custos e receitas de uma fazenda. Neste texto você verá como avaliar e monitorar a CCS em sua fazenda.
O que é CCS
A contagem de células somáticas (CCS) é constituída por células de descamação do epitélio da própria glândula mamária e por células de defesa do organismo.
As células de descamação fazem parte de um processo natural de renovação do epitélio e, por essa razão, é normal que haja uma certa quantidade dessas células na composição da CCS.
Veja um texto completo no nosso blog sobre o que é CCS do leite, a importância e como reduzir?
Já as células de defesa, chamadas de Leucócitos, em alta concentração podem indicar que o animal está passando por algum tipo de infecção, possivelmente pela ocorrência de mastite. Dessa forma, a CCS reflete a saúde da glândula mamária.
Como é feita a análise de CCS do leite?
A análise da CCS é realizada em laboratórios de qualidade do leite credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e se baseia na contagem de células inflamatórias, neutrófilos e células epiteliais.
Um animal considerado saudável é aquele que apresenta CCS inferior a 200.000 cel/mL.
Por que controlar a CCS do leite?
Valores de CCS superiores a 200.000 cel/mL causam perdas de produção e reduzem a qualidade do leite e, consequentemente, refletem em perdas de bonificação no pagamento pelas indústrias.
Valores de CCS alterados geram, ainda, despesas com uso de medicamentos e tratamentos, podendo resultar em desperdícios quando há necessidade de descarte do leite.
Por essas razões é de grande valia para o produtor controlar a CCS em sua propriedade.
Para isso, alguns indicadores podem ser levantados para ajudar o produtor a entender a situação atual de sua fazenda, acompanhar a evolução do rebanho em relação a CCS e tomar decisões assertivas.
Indicadores são fundamentais para a gestão de uma propriedade.
Por onde começar a controlar a CCS do leite?
O primeiro passo é coletar e registrar as informações. Sendo assim, análises individuais do leite das vacas devem ser realizadas pelo menos uma vez ao mês e os resultados destas devem ser registrados.
No Prodap Smartmilk é possível fazer a importação do resultado das análises no formato enviado pelo laboratório.
Com as informações em mãos, vamos aos indicadores!
1º – Percentual de Vacas Sadias
Conhecer o estado em que a fazenda se encontra é o primeiro passo!
Além de ser o primeiro e o principal indicador, este também é a base para todos os outros. É onde os olhos do produtor ou do consultor da fazenda devem estar sempre atentos. Animais sadios apontam para o caminho certo da fazenda.
Podem indicar que a ordenha está sendo realizada em boas condições de higiene, que o manejo está adequado, que os animais estão bem nutridos e confortáveis. Ou o contrário, pode alertar sobre possíveis anomalias em algum ou mais desses setores.
O cálculo do percentual de vacas sadias é a relação entre o número de vacas infectadas e o total de animais analisados. Ou seja:
% Vacas Sadias = número de animais sadios / número total de animais analisados x 100.
No Prodap Smartmilk esse cálculo é feito automaticamente a partir do resultado da análise importada e as informações são apresentadas em gráficos de fácil interpretação.
Nesse relatório, é possível analisar a CCS do rebanho considerando todas as lactações ou pelo número de lactação.
Para te orientar, você pode considerar as seguintes faixas como benchmark, de acordo com Zanforlin, 2020:
Ótimo > 80%
Bom: 70 a 80%
A melhorar < 70%
2º – Percentual de Novas Infecções
O Percentual de Novas Infecções indica a quantidade de animais que estavam saudáveis na análise anterior e que estão doentes na análise atual.
É de suma importância acompanhar esse indicador, pois ele está diretamente relacionado ao manejo preventivo de mastite da fazenda.
Se você precisa melhorar o percentual de vacas sadias em seu rebanho, reduzir o percentual de novas infeções é o primeiro ponto em que se deve atuar.
Para tanto, é importante se atentar aos métodos de prevenção, tais como os relacionados ao manejo da ordenha, manter os animais com boa imunidade, livres doenças, com alimento e água em quantidade e qualidade adequadas, desprovidos de estresse.
Para esse indicador, precisamos avaliar duas análises de meses consecutivos, e para isso, serão consideradas somente as vacas que tiveram análise individual nesses dois meses. Faremos um comparativo dos animais nesses dois períodos para entender a evolução em relação a CCS.
O cálculo do percentual de Novas Infecções é a relação entre o número de vacas infectadas no mês atual e o número de vacas sadias no mês anterior. Ou seja:
% Novas Infecções = número de animais infectados no mês atual / número de animais sadios no mês anterior x 100.
Essa conta também é feita automaticamente no Prodap Smartmilk e já traz em gráfico o comparativo deste com os próximos indicadores e as análises dos meses anteriores.
O percentual de Novas Infecções pode ser observado no gráfico pela área destacada em vermelho, como indicado na legenda. Também é possível analisar essas informações considerando todas as lactações do rebanho ou pelo número de lactação.
Como benchmark, consiedere as seguintes faixas:
Ótimo < 10%
Bom: 10 a 20%
A melhorar > 20%
3º – Percentual de Curadas
Como o próprio nome diz, o percentual de Curadas indica a quantidade de animais que estavam doentes no mês passado e que se curaram no mês atual.
A análise desse indicador é importante para mapear o perfil imunológico do rebanho através da capacidade de cura espontânea dos animais.
Vale lembrar que alguns patógenos provocam taxa de cura espontânea menores que outros. Neste caso é interessante conhecer quais os patógenos prevalecem no sistema produtivo e, com isso, contribuir com a avaliação do percentual de cura.
Para esse indicador também é necessário a avaliação de duas análises consecutivas. Entretanto, o que será avaliado são as vacas que estavam infectadas no mês anterior e a evolução desses animais na análise do mês atual.
O cálculo do percentual de Curadas é a relação entre o número de vacas sadias no mês atual e a quantidade dessas vacas que estavam doentes no mês passado. Ou seja:
% Curadas = número de animais sadios no mês atual / número de animais infectados no mês passado x 100.
No Prodap Smartmilk essa conta também é feita automaticamente e já traz em gráfico a relação desse indicador com os indicadores anteriores e com o próximo, além da possibilidade de comparação com meses anteriores.
4º- Percentual de Crônicas
O percentual de Crônicas nos mostra a quantidade de animais que persistem doentes durante o período avaliado. Esse indicador é importante, pois pode apontar para prevalência de patógenos contagiosos no rebanho, para falhas de eficiência dos métodos de tratamento que vem sendo praticado na fazenda e também auxilia no mapeamento do perfil imunológico do rebanho.
Esse indicador também necessita da comparação entre duas análises. Deve ser apurado o número de animais que estavam doentes no mês passado e que continuam doentes no mês atual.
O cálculo do percentual de Crônicas é a relação entre o número de vacas doentes no mês anterior e doentes também no mês atual sobre a quantidade total de vacas analisadas no mês atual. Ou seja:
% Crônicas = número de animais infectados no mês passado que permanecem infectados no mês atual / número total de animais analisados x 100.
Mais uma vez, você terá esses cálculos gerados e apresentados em gráficos automaticamente no Prodap Smartmilk, sendo apresentado a relação desse indicador com os anteriores e possibilitando um comparativo com os meses passados.
5º- Percentual de Vacas Paridas Sadias e Média de CCS de vacas recém paridas
Esse indicador avalia a saúde das vacas recém paridas e é reflexo, principalmente, do manejo durante o período de transição. Nesse período, o animal está mais propenso a adquirir uma infecção e por isso a atenção deve ser redobrada.
Esse indicador também pode apontar para falhas durante o manejo do período seco e na ordenha da vaca no pós-parto.
Para o cálculo do percentual de Vacas Paridas Sadias é utilizado a primeira análise individual de CCS após o parto.
O resultado sempre será referente ao mês em que o animal pariu, independentemente se a primeira análise individual foi realizada no mês seguinte. Sendo assim, essa avaliação será feita quase sempre utilizando duas análises consecutivas.
Lembrando que o que deve ser levado em consideração é a primeira análise pós-parto do animal.
O cálculo do percentual de Vacas Paridas Sadias é a relação entre o número de vacas paridas sadias na primeira análise de CCS e a quantidade total de vacas paridas no mês analisado. Ou seja:
% Vacas Paridas Sadias = número de animais paridos sadios / número total de animais paridos no mês em análise x 100.
Considerando as seguintes faixas como benchmark, de acordo com Zanforlin, 2020:
Ótimo > 85%
Bom: 70 a 85%
A melhorar < 70%
No Prodap Smartmilk pode ser analisado, também, a Média de CCS das Vacas Recém Paridas.
Neste gráfico é possível analisar separadamente a média de CCS pós-parto de vacas e primíparas e acompanhar a evolução dessas médias ao longo das análises realizadas durante o ano.
Vale lembrar que, o ideal é que essas médias estejam sempre inferiores a 200.000 cel/mL.
+ 2 indicadores bônus!
Para você que fez a leitura até aqui, acompanhe outros dois indicadores interessantes que só o Prodap Smartmilk oferece!
Nesse relatório podemos acompanhar, entre outros dados, as 6 últimas análises individuais dos animais da fazenda.
A penúltima coluna desse relatório [Vezes] nos mostra a relação da quantidade de análise individual realizada por animal e, dessas análises, em quantas o animal estava infectado.
Já a última coluna [% de Total], indica qual a contribuição que cada animal tem na quantidade total de CCS da fazenda, considerando a última análise.
Esses dois indicadores se tornam importantes ferramentas para auxiliar em tomadas de decisões mais assertivas em relação ao controle de CCS da fazenda.
Por exemplo, uma das medidas de controle é a Identificação e Descarte de animais Crônicos. Nesse relatório é possível analisar os animais de forma individual e entender o comportamento de cada animal ao longo das análises.
Dessa forma, fica mais fácil identificar um animal com recorrência de infecção e optar ou não pelo descarte do mesmo.
Outro aporte desse relatório é a possibilidade de identificar quais animais vem contribuindo em maior quantidade para a CCS do tanque e optar ou não por separar o leite desses animais, considerando a bonificação por qualidade paga pelas indústrias.
Pra finalizar, não se esqueça: “O que não é medido, não é gerenciado” (Deming, W. E.).
Medir é importante para que se entenda o que está acontecendo na gestão da fazenda, quais e quando mudanças devem ser feitas e avaliar os impactos de mudanças já realizadas.
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