A acidose ruminal é identificada muitas vezes por perda do apetite, desidratação, diarreia, depressão e, quando não é efetuado o tratamento curativo, pode levar à morte.
Nesse texto você vai entender um pouco mais como a acidose ruminal se desenvolve, o porquê, como previnir que ela afete o seu rebanho e quais os melhores caminhos para o tratamento.
O que é acidose ruminal?
A acidose ruminal, também conhecida como acidose lática, é causada por um desequilíbrio entre a produção de ácidos no rúmen, a partir da fermentação ruminal de carboidratos não estruturais.
A enfermidade ocorre na sua forma aguda com presença de alta concentração de ácido lático no rúmen, principalmente em animais em confinamento recebendo dietas de terminação com alta concentração de amido e outros carboidratos fermentáveis no rúmen.
Ocorre também em vacas leiteiras devido à grande concentração de carboidratos não fibrosos, como açúcares e amidos.
De maneira geral, nessas dietas ocorre a ausência ou insuficiência de tamponantes e alcalinizantes, como a saliva proveniente da ruminação.
O que causa acidose em ruminantes?
Para a maioria dos ruminantes, o principal ingrediente da dieta são as forragens.
Como forragens geralmente contêm altas concentrações de fibra que são digeridas lentamente no rúmen e não causam a produção de ácido lático, dificilmente dietas equilibradas e baseadas em forragem causam distúrbios digestivos.
Por outro lado, o fornecimento de alimentos concentrados na forma de grãos na dieta para aumentar o consumo de energia e desempenho animal, aumenta a quantidade de carboidratos a serem fermentados pela microbiota ruminal, o que promove a produção de ácidos graxos de cadeia curta.
Como ocorre no animal acometido pela acidose ruminal?
Com a ingestão de carboidratos, microrganismos ruminais irão aderir-se às partículas do alimento e iniciar o processo de digestão (DEGRADAÇÃO) de “dentro pra fora”, ou seja, as bactérias têm que se aderir à porção interna do alimento e produzir enzimas que irão digerir, destruir ou quebrar as ligações do mesmo.
Quando microrganismos celulolíticos digerem a celulose (Carboidratos estruturais, ex.: Forragens) há maior produção de acetato.
Já quando amido e açúcares predominam na dieta, microrganismos amilolíticos digerem esses carboidratos, (Ex.: Amido do milho) há um aumento na produção de propionato e redução na concentração total de acetato.
Com o acúmulo de ácido propiônico no rúmen, o ph cai, criando condições propícias para microrganismos produtores de ácido lático, que por sua vez são 10 vezes mais fortes que os agvs, contribuindo ainda mais para a redução do ph e acentuando a acidose.
Isso quer dizer que: como os microrganismos que digerem amido e açúcares se multiplicam mais rapidamente do que aqueles que digerem fibra e sua taxa de digestão também é mais rápida, o pH ruminal é mais baixo quando o amido é digerido se comparado com a celulose.
Essa alteração no pH ruminal facilita o crescimento microbiano, já que microrganismos celulolíticos e hemicelulolíticos (digestores de fibra) tem desempenho maior com o pH acima de 6,5, enquanto os amilolíticos (digestores de carboidratos não fibrosos) tem seu ambiente ótimo com pH entre 5,5 e 6,5.
Indicativos da acidose em bovinos:
Com a queda do ph, o crescimento microbiano é reduzido, consequentemente, a população de bactérias será menor, reduzindo também a digestibilidade da dieta e impactando de forma negativa a ingestão de matéria seca.
Tem-se uma queda dos teores de gordura do leite, ficando abaixo dos 3,2%. Como a população microbiana foi comprometida, os níveis de proteína metabolizada reduzem, consequentemente, também reduzindo o teor de proteína no leite.
A relação gordura proteína também altera, ficando abaixo de 1. Observamos oscilação no consumo e produção de leite dos animais. As fezes ficam moles, fétidas e com presença de bolhas de ar.
Prevenção da acidose em ruminantes
Para prevenir a acidose ruminal, deve-se atentar à formulação de dietas que não predisponham a produção excessiva de ácidos no rúmen, assim como o manejo nutricional para evitar mudanças no ambiente ruminal, independentemente da composição da dieta.
Também devemos atentar para a adaptação das papilas ruminais, para que elas consigam absorver rapidamente os agvs produzidos na degradação dos carboidratos
Como a ocorrência de acidose subaguda é dependente do balanço entre produção e neutralização de ácidos orgânicos, é importante que ambos os aspectos sejam levados em consideração na prevenção do problema.
O fornecimento de FDN fisicamente efetivo na dieta tem vários efeitos na redução da acidose ruminal.
Primeiro, o incremento na quantidade dele na dieta, invariavelmente, resulta na redução da concentração de carboidratos não fibrosos, principalmente amido, promovendo, portanto, uma diluição de carboidratos fermentáveis no rúmen.
Apesar dessa diluição é importante que a fonte de fibra tenha estrutura física e capacidade de estimular ruminação e salivação, tendo em vista que, a saliva chega a neutralizar 50% de ácidos no rúmen.
A disponibilidade de água em quantidade e qualidade, influencia diretamente na prevenção da acidose, por meio de diluição, deixando a concentração de ácidos menores no rúmen.
Tratamento da acidose ruminal
O tratamento da acidose ruminal aguda é baseada na remoção da causa do problema (desbalanceamento nutricional) e restabelecimento do equilíbrio ácido-básico do animal.
Como estamos cada vez mais desafiando nossos animais, com dietas mais energéticas, utilizando carboidratos de alta fermentação no rúmen, se faz necessário usarmos ingredientes com ações tamponantes e alcalinizantes, como bicarbonato de sódio, óxido de magnésio, carbonato de cálcio, sais de algas marinhas, entre outros. Variando de 0,8 a 1,2% da ingestão de matéria seca para vacas em lactação.
Monensina Sódica
Dos principais aditivos presente na nutrição de vacas de leite a monensina sódica e outros ionóforos têm a capacidade de contribuir para a redução de incidência de acidose ruminal, e principalmente melhorar a eficiência de conversão alimentar em razão de um aumento na concentração de energia líquida da dieta.
Com concentrações próximas de 300mg por vaca/dia, a monensina seletivamente afeta as bactérias gram-positivas o que reduz o crescimento de microrganismos produtores de ácido lático, minimizando o risco de acidose.
Fezes com evidência de um quadro de acidose (Coloração acinzentada e presença de bolhas de ar)
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