O período de transição é uma fase crítica na vida das vacas leiteiras, pois envolve mudanças fisiológicas, metabólicas, nutricionais e comportamentais que afetam a saúde, a produção e a reprodução dos animais. Neste artigo, vamos explicar o que é este período, quais são os principais desafios e problemas que podem ocorrer nessa fase e como realizar um manejo adequado para garantir o bem-estar e a produtividade das vacas leiteiras.
O período de transição é quando a vaca deixa de ser gestante e passa a ser lactante. Ele compreende as três semanas que antecedem ao parto até as três semanas após o parto. Percebemos muitas alterações metabólicas, hormonais e imunológicas na vaca, que afetam seu consumo de alimentos, sua produção de leite e sua saúde.
O período de transição é considerado o mais crítico e desafiador para o manejo nutricional e sanitário das vacas. É nessa fase que ocorrem a maioria dos problemas que comprometem a produtividade e a rentabilidade da atividade leiteira.
Algumas das doenças mais comuns nesse período são: cetose, esteatose hepática, metrite, mastite, deslocamento de abomaso e problemas de casco. Para prevenir ou minimizar essas doenças, é preciso adotar boas práticas de manejo, como fornecer uma dieta adequada, monitorar o escore de condição corporal, evitar o estresse e garantir o bem-estar animal.
Fatores que afetam o período de transição
Vamos conhecer alguns fatores que afetam o período de transição:
- Alterações hormonais: a proximidade da chegada do parto provoca alterações nos níveis de hormônios como o estrogênio, a progesterona, o cortisol e a paratormônio, que influenciam o metabolismo do cálcio, o balanço energético e a imunidade das vacas.
- Maior demanda de nutrientes: a produção de colostro e leite exige um aumento na ingestão de energia, proteína, minerais e vitaminas, que nem sempre é acompanhado por um aumento no consumo de alimento, gerando um déficit nutricional que pode levar a doenças metabólicas como a cetose e a hipocalcemia.
- Desenvolvimento contínuo da glândula mamária: o crescimento e a diferenciação das células secretoras de leite ocorrem durante toda a gestação, mas se intensificam no final do período seco e no início da lactação, demandando mais nutrientes e oxigênio para a síntese de leite.
- Rápido crescimento fetal: nos últimos 21 dias de gestação, o feto cresce cerca de 70%, aumentando a pressão sobre o útero e os órgãos abdominais das vacas, dificultando a respiração e a digestão, além de consumir mais glicose da mãe.
- Estresse: em função da adaptação na mudança de lotes, as vacas sofrem estresse social e ambiental, que pode afetar seu comportamento alimentar, sua imunidade e sua produção de leite.
Esses fatores podem interagir entre si e causar um efeito dominó, comprometendo o bem-estar e o desempenho das vacas leiteiras no período de transição. Por isso, é importante adotar medidas preventivas e corretivas para minimizar os impactos negativos desses fatores.
Estratégias de manejo do período de transição
Para garantir o bem-estar e o desempenho das vacas nesse período, é preciso adotar algumas estratégias de manejo, como:
- Fornecer uma dieta balanceada, adequada às necessidades energéticas e proteicas das vacas, evitando o excesso ou a deficiência de nutrientes que podem causar distúrbios metabólicos, como cetose, hipocalcemia e acidose ruminal.
- Monitorar o consumo de matéria seca e de água, incentivando o acesso aos cochos e aos bebedouros, e corrigindo possíveis fatores que limitem a ingestão, como estresse térmico, competição, baixa qualidade ou disponibilidade da forragem.
- Realizar o pré-parto em um ambiente confortável, limpo e seguro, com espaço suficiente para as vacas se deitarem e se locomoverem, evitando aglomerações, brigas e lesões. O pré-parto deve durar entre 21 e 28 dias, e as vacas devem ser manejadas em lotes homogêneos, de acordo com o número de lactações e a condição corporal.
- A separação de lotes é uma prática importante para o manejo de vacas leiteiras no período de transição. Essa separação visa melhorar o conforto, a nutrição e a saúde das vacas, reduzindo o estresse e prevenindo doenças metabólicas. Além disso, a separação de lotes facilita o monitoramento e a identificação de vacas que precisam de cuidados especiais, como as que apresentam sinais de cetose, retenção de placenta ou mastite. A separação de lotes pode ser feita de acordo com o estágio gestacional, o escore de condição corporal e o histórico produtivo das vacas.
- Acompanhar o parto e auxiliar as vacas somente quando necessário, respeitando o tempo normal de duração do trabalho de parto, que varia entre 30 minutos e 4 horas. Após o parto, verificar se a vaca e o bezerro estão saudáveis, se houve a expulsão da placenta e se ocorreu a ingestão do colostro. Caso contrário, intervir de forma adequada para evitar complicações, como retenção de placenta, metrite e hipogalactia.
- Implementar um programa de prevenção e controle de mastite, realizando o teste da caneca ou do CMT nas primeiras ordenhas pós-parto, descartando o leite dos quartos mamários infectados e tratando as vacas com antibióticos específicos. Além disso, manter uma boa higiene dos equipamentos e das instalações de ordenha.
Manejo De Vacas No Pós-Parto
Nesse período, que compreende as três semanas antes e as três semanas após o parto, as vacas passam por diversas mudanças fisiológicas, metabólicas e nutricionais, que exigem cuidados especiais. Algumas das principais recomendações para o manejo adequado de vacas no pós-parto são:
- Fornecer uma dieta balanceada, rica em energia, proteína, cálcio e fósforo, para evitar problemas como cetose, hipocalcemia e retenção de placenta.
- Oferecer água limpa e fresca à vontade, pois a ingestão de água é essencial para a produção de leite e a prevenção de desidratação.
- Manter as vacas em um ambiente limpo, seco, confortável e bem ventilado, para reduzir o estresse térmico e o risco de infecções.
- Observar diariamente o comportamento, o apetite, a temperatura, o escore de condição corporal e a qualidade do leite, para detectar precocemente sinais de doenças ou distúrbios.
- Realizar a ordenha higiênica, com cuidado para não machucar os tetos ou causar mastite.
- Fazer o acompanhamento reprodutivo das vacas, com exames clínicos e ultrassonográficos, para verificar a involução uterina, a ciclicidade ovariana e a presença de patologias.
- Seguir um programa sanitário adequado, com vacinações e vermifugações periódicas, para prevenir doenças infecciosas e parasitárias.
Fazendo A Gestão De Rebanhos Leiteiros Com O Software FarmTell Milk
Para garantir o bem-estar e o desempenho das vacas nessa fase, é preciso adotar um manejo adequado, que inclui monitorar os sinais clínicos, avaliar as condições corporais, fornecer uma dieta balanceada e prevenir doenças metabólicas.
O FarmTell Milk é uma ferramenta que auxilia os produtores a fazerem a gestão de rebanhos leiteiros de forma eficiente e inteligente, permitindo acompanhar os indicadores zootécnicos, econômicos e ambientais da atividade.
Com o FarmTell Milk, é possível registrar e analisar os dados referentes ao período de transição, como o escore de condição corporal, o consumo de matéria seca, a produção de leite, a ocorrência de doenças e os custos de produção. Assim, o produtor pode tomar decisões baseadas em informações confiáveis e atualizadas, visando melhorar a rentabilidade e a sustentabilidade do seu negócio.
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