Categoria: Gado de Leite

Acidose Ruminal: o que é, prevenção e tratamento.

Data: 18/11/20

Autor: Pedro Carvalho

A acidose ruminal é identificada muitas vezes por perda do apetite, desidratação, diarreia, depressão e, quando não é efetuado o tratamento curativo, pode levar à morte.

Nesse texto você vai entender um pouco mais como a acidose ruminal se desenvolve, o porquê, como previnir que ela afete o seu rebanho e quais os melhores caminhos para o tratamento.

O que é acidose ruminal?

A acidose ruminal, também conhecida como acidose lática, é causada por um desequilíbrio entre a produção de ácidos no rúmen, a partir da fermentação ruminal de carboidratos não estruturais. 

A enfermidade ocorre na sua forma aguda com presença de alta concentração de ácido lático no rúmen, principalmente em animais em confinamento recebendo dietas de terminação com alta concentração de amido e outros carboidratos fermentáveis no rúmen. 

Ocorre também em vacas leiteiras devido à grande concentração de carboidratos não fibrosos, como açúcares e amidos

De maneira geral, nessas dietas ocorre a ausência ou insuficiência de tamponantes e alcalinizantes, como a saliva proveniente da ruminação.

Vaca comendo

O que causa acidose em ruminantes? 

Para a maioria dos ruminantes, o principal ingrediente da dieta são as forragens. 

Como forragens geralmente contêm altas concentrações de fibra que são digeridas lentamente no rúmen e não causam a produção de ácido lático, dificilmente dietas equilibradas e baseadas em forragem causam distúrbios digestivos.

Por outro lado, o fornecimento de alimentos concentrados na forma de grãos na dieta para aumentar o consumo de energia e desempenho animal, aumenta a quantidade de carboidratos a serem fermentados pela microbiota ruminal, o que promove a produção de ácidos graxos de cadeia curta.

Saiba mais: Acesse nosso Ebook e saiba tudo sobre as melhores práticas de manejo alimentar para bovinos de leite!

manejo alimentar bovinos

Como ocorre no animal acometido pela acidose ruminal?

Com a ingestão de carboidratos, microrganismos ruminais irão aderir-se às partículas do alimento e iniciar o processo de digestão (DEGRADAÇÃO) de “dentro pra fora”, ou seja, as bactérias têm que se aderir à porção interna do alimento e produzir enzimas que irão digerir, destruir ou quebrar as ligações do mesmo. 

Quando microrganismos celulolíticos digerem a celulose (Carboidratos estruturais, ex.: Forragens) há maior produção de acetato. 

Já quando amido e açúcares predominam na dieta, microrganismos amilolíticos digerem esses carboidratos, (Ex.: Amido do milho) há um aumento na produção de propionato e redução na concentração total de acetato. 

Com o acúmulo de ácido propiônico no rúmen, o ph cai, criando condições propícias para microrganismos produtores de ácido lático, que por sua vez são 10 vezes mais fortes que os agvs, contribuindo ainda mais para a redução do ph e acentuando a acidose. 

Isso quer dizer que: como os microrganismos que digerem amido e açúcares se multiplicam mais rapidamente do que aqueles que digerem fibra e sua taxa de digestão também é mais rápida, o pH ruminal é mais baixo quando o amido é digerido se comparado com a celulose. 

Essa alteração no pH ruminal facilita o crescimento microbiano, já que microrganismos celulolíticos e hemicelulolíticos (digestores de fibra) tem desempenho maior com o pH acima de 6,5, enquanto os amilolíticos (digestores de carboidratos não fibrosos) tem seu ambiente ótimo com pH entre 5,5 e 6,5.

Indicativos da acidose em bovinos:

Com a queda do ph,  o crescimento microbiano é reduzido, consequentemente, a população de bactérias será menor, reduzindo também a digestibilidade da dieta e impactando de forma negativa a ingestão de matéria seca.

Tem-se uma queda dos teores de gordura do leite, ficando abaixo dos 3,2%. Como a população microbiana foi comprometida, os níveis de proteína metabolizada reduzem, consequentemente, também reduzindo o teor de proteína no leite. 

A relação gordura proteína também altera, ficando abaixo de 1. Observamos oscilação no consumo e produção de leite dos animais. As fezes ficam moles, fétidas e com presença de bolhas de ar.

Prevenção da acidose em ruminantes

Para prevenir a acidose ruminal, deve-se atentar à  formulação de dietas que não predisponham a produção excessiva de ácidos no rúmen, assim como o manejo nutricional para evitar mudanças no ambiente ruminal, independentemente da composição da dieta. 

Também devemos atentar para a adaptação das papilas ruminais, para que elas consigam absorver rapidamente os agvs produzidos na degradação dos carboidratos

Como a ocorrência de acidose subaguda é dependente do balanço entre produção e neutralização de ácidos orgânicos, é importante que ambos os aspectos sejam levados em consideração na prevenção do problema. 

O fornecimento de FDN fisicamente efetivo na dieta tem vários efeitos na redução da acidose ruminal. 

Primeiro, o incremento na quantidade dele na dieta, invariavelmente, resulta na redução da concentração de carboidratos não fibrosos, principalmente amido, promovendo, portanto, uma diluição de carboidratos fermentáveis no rúmen. 

Apesar dessa diluição é importante que a fonte de fibra tenha estrutura física e capacidade de estimular ruminação e salivação, tendo em vista que, a saliva chega a neutralizar 50% de ácidos no rúmen. 

A disponibilidade de água em quantidade e qualidade, influencia diretamente na prevenção da acidose, por meio de diluição, deixando a concentração de ácidos menores no rúmen.

Tratamento da acidose ruminal

O tratamento da acidose ruminal aguda é baseada na remoção da causa do problema (desbalanceamento nutricional) e restabelecimento do equilíbrio ácido-básico do animal. 

Como estamos cada vez mais desafiando nossos animais, com dietas mais energéticas, utilizando carboidratos de alta fermentação no rúmen, se faz necessário usarmos ingredientes com ações tamponantes e alcalinizantes, como bicarbonato de sódio, óxido de magnésio, carbonato de cálcio, sais de algas marinhas, entre outros. Variando de 0,8 a 1,2% da ingestão de matéria seca para vacas em lactação.

Monensina Sódica

Dos principais aditivos presente na nutrição de vacas de leite a monensina sódica e outros ionóforos têm a capacidade de contribuir para a redução de incidência de acidose ruminal, e principalmente melhorar a eficiência de conversão alimentar em razão de um aumento na concentração de energia líquida da dieta.

 Com concentrações próximas de 300mg por vaca/dia, a monensina seletivamente afeta as bactérias gram-positivas o que reduz o crescimento de microrganismos produtores de ácido lático, minimizando o risco de acidose.

Acidose ruminal em bovinos de leite

Fezes com evidência de um quadro de acidose (Coloração acinzentada e presença de bolhas de ar)


Para ter mais dicas como essa, nos siga nas redes sociais e faça parte do nosso canal do telegram!

Caso queira entender um pouco mais sobre o trabalho de consultoria que a Prodap faz, deixe sua mensagem aqui

Se inscreva em nossa newsletter



    Veja outros posts

    Posts relacionados

    Discussão

    Deixe um comentário

    0 comentários

    Enviar um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *