Considerada uma das principais doenças que podem acometer o rebanho, principalmente quando se trata de gado leiteiro, a cetose bovina também é chamada de acetonomia, acetonúria e hipoglicemia.
Nesse texto você vai entender um pouco mais como essa enfermidade se desenvolve, como tratar e prevenir.
O que é cetose bovina?
A cetose bovina é uma doença metabólica que acomete principalmente vacas de alta produção no período de transição predominantemente nas três semanas após o parto.
É neste período que as vacas se encontram em balanço energético negativo (BEN), situação onde a demanda energética é superior a capacidade de ingestão de alimentos pelo animal.
Dessa maneira, vacas saudáveis vão utilizar suas reservas corporais para suprir esse déficit de energia. Porém há um limite para a mobilização e utilização dos ácidos graxos pelo fígado.
Após esse limite o fígado não consegue converter esses ácidos graxos em energia e glicose, parte é acumulada em suas células em forma de triglicerídeos e o restante convertidos em corpos cetónicos.
O que a cetose provoca no estado fisiológico do gado de leite?
Ocorre um grande aumento de ácidos graxos livres (AGL) no plasma sanguíneo devido a grande mobilização de gordura corporal da vaca com baixos níveis de glicose no sangue e déficit energético.
Com a grande mobilização de reservas corporais, o animal tem uma perda excessiva de peso e redução do consumo de alimentos, influenciando diretamente na reprodução e produção de leite.
Classificação da cetose bovina
Cetose Primária
A cetose primária ocorre devido ao BEN, ingestão de alimentos cetogênicos, principalmente silagens ricas em ácido butírico, dietas mal balanceadas, com excesso de oleaginosas, baixos teores de fibra e elevados níveis de extrato etéreo não tendo interferência de outras enfermidades.
Cetose Secundária
A cetose secundária ocorre em consequência de outra doença como mastites, hipocalcemia, deslocamento de abomaso, retenção de placenta e outros distúrbios no período de transição.
Nesses estados fisiológicos, se deprime mais ainda o consumo de alimentos, resultando em alterações no metabolismo de carboidratos.
Com base também na apresentação de sinais clínicos e níveis de corpos cetônicos presente no sangue, leite e saliva, podemos classificá-la em cetose clínica e subclínica.
Como a Cetose Bovina prejudica rebanhos leiteiros
Segundo estudos, a incidência da cetose pode chegar a 48,5% das vacas no pós-parto.
As perdas variam de custos associados à morte, serviços veterinários, descartes, redução da taxa de concepção, aumento do intervalo entre partos e período de serviço, redução de até 26% da produção de leite.
Com a diminuição da imunidade devido a doença, muitas vezes surgem outras como é o caso de mastites, deslocamento de abomaso, metrites, entre outras.
Veja também: Como as doenças reprodutivas em gado de leite impactam nos resultados?
Como medir cetose em bovinos de leite
É aconselhado o monitoramento da BHBA (beta- hidroxibutirato Mililitros/ litro de sangue) no terceiro, sétimo e décimo segundo dia após o parto, coletando uma amostra de sangue da ponta do rabo ou pela veia caudal, utilizando medidores e fitas próprias para este fim.
Os resultados podem ser interpretados conforme a tabela abaixo:
Tabela 1: Interpretação de resultados teste de BHBA sanguínea em vacas no pós-parto
Para animais com cetose leve ou moderada é indicado o fornecimento de Propileno Glicol 300ml via oral durante três dias consecutivos, já animais com quadro de cetose severa, realizar o tratamento com 500ml durante 5 dias e repetir o teste para acompanhar a quadro da cetose.
Como prevenir a cetose em bovinos de leite
Alguns fatores predispõe a maior incidência de cetose nas fazendas como:
Obesidade
O consumo de alimentos no pós parto é menor em vacas que estão acima do peso. Grandes quantidades de reserva corporal, favorecem a mobilização para suprir a falta de glicose no sangue.
Estresse térmico
Limita a capacidade de consumo, aumentando drasticamente o balanço energético negativo e consequentemente a mobilização de gordura.
Distúrbios no pós-parto
Toda patologia que ocorra no pré ou pós parto que leve a uma redução do consumo de alimentos, predispõe o aparecimento da cetose durante a lactação e na lactação subsequente.
Excesso de proteína não proteica no pré-parto
Dietas com teores de proteína bruta superiores a 20% que está presente pela forma de nitrogênio não protéico (principalmente uréia) aumentam a incidência da cetose no rebanho.
Baixo fornecimento de proteína nas dietas durante o período seco dos animais
Dietas com níveis inferiores a 9% de proteína principalmente nas três semanas que antecedem o parto, elevam os números de casos da doença.
Superpopulação (restrição hídrica e alimentar)
A redução de 15% do consumo predito devido a falta de água ou disputa por espaço de coch, elevam significativamente o aparecimento de casos clínicos da doença.
Período seco muito prolongados
Predispõe o aparecimento da ceose, independente da obesidade ou não das vacas.
Deficiência de cobalto e enxofre, entre outros.
Níveis baixos de cobalto nas dietas, reduzem a produção de vitamina B12 pela flora ruminal, e também déficit na produção de ácido propiônico.
Nutrição Animal
A chave para a prevenir e reduzir os prejuízos causados pela cetose é realizar um pré e pós-parto bem feito, formulando dietas que atendam adequadamente às exigências dos animais tanto em proteínas e energias quanto em minerais, vitaminas e aditivos.
Veja também: As melhores práticas de manejo alimentar para bovinos de leite
Uma nova ferramenta muito estudada na atualidade para o auxílio na prevenção da cetose é a utilização de colina protegida, tanto no pré como no pós parto.
Essa ferramenta se propõe a melhorar a saúde do fígado das vacas tratadas, demonstrado grande redução dos casos positivos, além do aumento da produção de leite corrigido para gordura.
Outro aditivo utilizado para o auxílio no controle da cetose é o fornecimento de propionato de cálcio ou ácido propiônico, que também ajudam na utilização da gordura mobilizada para o fígado, transformando-a em glicose.
Um pré parto bem feito, garante a redução de doenças metabólicas no período de transição, além de melhora reprodutiva do rebanho, maior exploração do potencial genético dos animais, tornando as fazendas mais lucrativas com maiores produtividades.
Monitorando a cetose com o PRODAP smartmilk
A composição do leite de vacas acometidas pela cetose sofrem variações bem características, que é o aumento significativo do teor de gordura do leite, aumentando sua relação de gordura/proteína. Sendo um forte indicativo da presença da doença nas vacas em pós parto.
Com a ferramenta do controle leiteiro do Prodap smartmilk, onde colocamos a produção e composição do leite dos animais, podemos ver essa relação gordura/proteína, nos alertando de possíveis casos de cetose.
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