O Confinamento de gado de corte no Brasil vem crescendo de forma consistente desde o início dos anos 2000.
As razões para isso são muitas e envolvem:
- a estabilização da nossa moeda, que impôs ao pecuarista uma atuação empresarial
- mudança de cultura das lideranças devido a maior atuação de técnicos e a sucessão familiar
- redução de margem histórica da atividade, que impulsionou o pecuarista a fazer diferente do que vinha sendo feito por gerações.
Como qualquer modelo mais intensivo de produção, o confinamento traz consigo oportunidades e, junto com elas, maiores riscos.
Assim, a operacionalização eficiente do confinamento é essencial para gerar resultados.
Por isso, trouxemos os 7 principais pontos de impacto no resultado de um confinamento.
O objetivo aqui é identificar e avaliar o impacto de cada um no desempenho do sistema, o grande segredo para garantir maior rentabilidade da operação é focar os esforços nos fatores mais limitantes.
1. A dieta no confinamento
A dieta deve ser formulada, objetivando atender as exigências em nutrientes fibra, proteína, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais.
Fatores como peso vivo de entrada, condição corporal, raça, sexo, peso adulto, entre outros, devem ser computados na formulação de uma dieta, pois modula o requerimento animal.
A qualidade dos insumos a serem trabalhados deve ser avaliada de forma periódica durante a operação, principalmente no que diz respeito aos subprodutos que tendem a apresentar falta de padronização de suas características nutricionais.
O correto balanceamento da dieta, respeitando seus parâmetros que são alicerçados na exigência do animal, utilizando alimentos com melhores custo/beneficio, possibilita a execução de uma operação com foco no lucro.
Vale ressaltar que nem sempre o maior ganho representa o melhor resultado financeiro. Você pode produzir, porém de forma cara, por isso cuidado com o foco.
Abaixo exemplo de parâmetros utilizados na formulação de uma dieta:
2. Acesso, estrutura e qualidade da água
Aproximadamente 60% da composição corporal de um bovino é água.
Este elemento está presente em quase todas as reações bioquímicas que ocorrem no organismo do animal, sendo responsável pela digestão, equilíbrio mineral, tamponamento dos fluidos corpóreos entre outros.
Mesmo tendo tamanha relevância na produção, o que se observa é a falta de cuidado com esse alimento na maioria dos confinamentos brasileiros.
O animal para comer precisa beber água!
Saiba mais: Veja onde instalar e como manejar corretamente o bebedouro para gado
Para cada 1kg de matéria seca ingerida, o bovino necessita de aproximadamente 4-5 litros de água.
Não basta ter quantidade, mas também qualidade.
A água faz parte de todo o processo digestivo de um animal, desde a fermentação ruminal até a absorção dos nutrientes, daí tamanha importância no sistema produtivo.
Muitos perguntam a frequência de limpeza da água. Não existe uma reposta.
Talvez a pergunta devesse ser: Você beberia daquela água? No confinamento a alta concentração de animais na baia proporciona maior degradação de sua qualidade.
Para tentar dar uma reposta mais objetiva o que tem se observado que a limpeza na ordem de 3x na semana tem proporcionado um nível aceitável de qualidade, lembrando que isso não é regra.
3. Conforto x Estresse Animal
A missão do animal é comer, descansar e engordar.
O sistema deve proporcionar um ambiente no qual não haja mudança na rotina dos animais e condições mínimas necessárias para que não ocorra gasto energético desnecessário.
Desafios em que os animais são submetidos ao estresse, provocam maior gasto energético e queda na sua imunidade, comprometendo o desempenho.
No confinamento o que se observa é a geração de um estresse muito alto, pela mudança drástica na rotina alimentar, social e comportamental dos animais.
Manejo nutricional e social pré-confinamento como uma suplementação mais quente (dentro da viabilidade financeira) e formação de grupos no mês, por exemplo, que antecede o confinamento, tem refletido positivamente no desempenho animal durante o processo.
Outros pontos como metragem e acesso aos cochos (ração e água) adequados, disponibilidade de área por animal correta, qualidade de contenção dos animais, apartação de lotes homogêneos, sombra, entre outros, são fatores positivos que também tem contribuído no desempenho produtivo.
A leitura do comportamento dos animais é de suma importância para agir em casos de desvios.
Os animais falam pelo seu comportamento. Sodomia e animais comendo terra são, por exemplo, indicativos de estresse que devem ser analisados e corrigidos o quanto antes.
4. Carregamento e Distribuição das dietas de confinamento
Em qualquer confinamento podemos afirmar que há quatro dietas:
- A dieta formulada
- A carregada
- A fornecida no cocho
- A consumida pelo animal
O desafio é reduzir ao máximo o desvio de cada uma dessas dietas, fazendo com que o animal consuma o mais próximo possível da estimada pelo formulador.
A ordem de carregamento dos insumos e o tempo de mistura irão variar em função do modelo de vagão utilizado.
Deve sempre respeitar essas premissas para garantir a qualidade projetada dentro do cocho.
Métricas de desvios de carregamento e fornecimento devem ser implantadas na gestão a vista, compartilhados e checados com a equipe de forma regular (no mínimo 1 x na semanal), discutindo e gerando ações para reduzir os desvios.
5. Sanidade Animal
Um protocolo sanitário deve ser personalizado para cada propriedade, levando em consideração seu histórico de doenças objetivando reduzir a limitação de desempenho e penalização por parte das indústrias.
Grosso modo podemos listar as principais frentes de atenção quando se pensa no protocolo sanitário de entrada de confinamento.
Vale lembrar que para ter a eficácia do produto, deve seguir a recomendação de cada fabricante (dose + reforço):
- Vacina contra doenças respiratórias
- Vacina contra Clostridioses (atenção ao Botulismo)
- Vacinas obrigatórias (consultar calendário da região)
- Vermifugação (atenção a Cisticercose)
6. Maximização do consumo no confinamento
O principal fator responsável pelo ganho de peso do animal é a quantidade de matéria seca ingerida pelo mesmo.
No confinamento o maior desafio é justamente maximizar esse consumo.
Todos os fatores já falados até aqui, quando não bem trabalhados refletem de forma negativa no consumo.
Não devemos limitar o consumo da ração pelos animais, mas sim educa-los a comer bem e com qualidade.
Essa logica ainda é tida como um paradigma onde se observa muitos produtores a adotarem o manejo de cocho “à vontade” que é o cocho cheio o tempo todo gerando uma falsa impressão de que se não fizer dessa maneira os animais “passam fome”.
Esse manejo, quando analisado a curva de consumo do lote, proporciona oscilações importantes que apresentam impacto negativo no desempenho e piora da conversão acarretando na elevação do custo da @ produzida.
Essas oscilações observadas se dão principalmente por distúrbios metabólicos ocasionados pela ingestão alta de concentrados.
Então como aumentar a ingestão no meu confinamento?
Devemos manejar o cocho para termos uma sobra mínima aceitável no dia seguinte.
Sobras excessivas além de deprimir a qualidade da ração que será fornecida por cima, limita o entendimento da leitura de cocho matinal para ajustes dos tratos gerando perdas diretas.
Lembrando sempre que o fim é maximizar o consumo dos animais.
A leitura de cocho é o guia de fornecimento do trato.
Algumas variáveis devem ser consideradas na atribuição das notas, além da sobra de ração e comportamento animal, como ocorre na grande maioria dos confinamentos. Abaixo fatores a serem analisados para tomada de decisão nos ajustes dos tratos:
- Consumo ocorrido x meta
- Escore de cocho do dia anterior
- Escore noturno (caso houver)
- Fase de confinamento (adaptação, crescimento ou terminação)
- Eventuais problemas operacionais do dia anterior
- Mudança climática
Em caso de consumo abaixo da meta, pode indicar problemas no confinamento, como armazenagem de insumos, qualidade da água, estresse, problemas de limpeza de cocho, etc, devendo atuar de forma imediata em sua causa.
7. Equipe
Abordamos até agora os principais pontos de atenção quando se busca maximizar o resultado financeiro do confinamento, porém de nada adianta ter atuado em todas as variáveis já descritas se a equipe não estiver comprometida.
Não só no sistema de engorda intensiva, mas em qualquer estratégia a ser trabalha a equipe representa um papel fundamental para atingimento dos resultados.
Deve ter claro para cada colaborador sua responsabilidade e o peso no resultado final da sua tarefa exercida.
Check’s de rotina devem ser implementados a fim de visualizar eventuais desvios e gerar ações para corrigi-los.
Deve se valorizar ideias das pessoas que estão na linha de frente da operação, tenham certeza que as melhores soluções vêm de onde menos espera.
Por fim o sistema deve ser guiado por métricas como GDC, Conversão, custo da @ produzida, entre outras, sempre com foco no resultado financeiro.
Para que isso seja possível, temos que disponibilizar-se de uma equipe engajada, disciplinada e com conhecimento suficiente para alcance do objetivo.
Conheça o trabalho que a Prodap faz em confinamentos por todo o Brasil!
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