O Brasil apresenta grande área de utilização em pastagens, o que torna nosso sistema produtivo competitivo e viável economicamente.
Com sua vasta extensão territorial e clima tropical, nosso país apresenta algumas variações de acordo com o bioma de cada região mas, de forma geral, há grande predomínio de gramíneas tropicais, com elevada produtividade, resistência a pragas e as variações climáticas.
Nesse texto você vai entender quais as características principais dos tipos de capim mais comuns no Brasil!
O Brasil e sua produção forrageira
Dos 220 milhões de bovinos, mais de 80% se encontram em condição de pastejo.
Desta forma, a demanda por plantas cada vez mais produtivas e resistentes dentro do sistema aumenta, principalmente quando há necessidade de se produzir cada vez mais e de forma sustentável.
Atualmente, cerca de 70% das pastagens brasileiras se encontram em algum estágio de degradação, nos arremetendo a um pensamento que grande parte delas estão longe de alcançar o verdadeiro potencial produtivo existente.
Este fato se dá principalmente pela falta de planejamento anual das propriedades, levando a um desajuste de carga.
Além disso, outro fator é a falta de conhecimento técnico nos processos de implantação/reforma de pastagens (método de formação e espécie forrageira adequada), com baixa efetividade no estabelecimento da pastagem e agravando os processos erosivos do solo.
Veja também: Tipos de manejo de Pastagem: Contínuo, Alternado ou Rotacionado?
Ao longo dos anos, instituições públicas e privadas vêm realizando trabalhos de melhoramento genético das forrageiras, com o objetivo de criar novos cultivares mais adaptados aos diferentes ecossistemas.
Variedades como Capim-gordura, Jaraguá, Napier, dentre outros, estão presentes no Brasil desde o período colonial, muitas espécies implantadas propositalmente e algumas oriundas das camas dos navios negreiros, além dos estoques para fornecimento aos animais trazidos durante as viagens.
A escolha da pastagem mais adequada
Com um território com dimensões continentais, há grande variação climática e geológicas de norte a sul do país.
Tão importante quanto a escolha da forrageira a ser utilizada, é a otimização do pastejo nas áreas já formadas nas propriedades.
Para isso, além de boas divisões de pastos, é necessário trabalhar com uma taxa de lotação ajustada ao potencial de produção de matéria seca (MS) da fazenda.
Saiba mais: Taxa de lotação: o que é, como calcular e como impacta o desempenho do rebanho?
Fazendo uma análise do solo e da precipitação média anual da região, além de outras variáveis relacionadas a produção de forrageiras (umidade, temperatura, fotoperíodo, altitude, vento, etc), podemos estimar o potencial produtivo em kg de MS/ha/ano.
Então, a partir desse potencial produtivo e respeitando o resíduo pós pastejo para manutenção do solo e da planta, mensuramos o que de fato temos disponível para alimentação animal.
A partir da década de 50, um grande passo foi dado para a pecuária nacional com a implantação das braquiárias, originárias do continente africano e mais tarde com alguns cultivares frutos do melhoramento genético aqui no país.
Capim Marandu, Brizantão ou Braquiarão
Atualmente, cerca de 80% das nossas pastagens são formadas por braquiária, deste percentual, em grande parte pela Brachiaria brizantha, cultivar (cv.) Marandu (Braquiarão).
O capim Marandu, (Brizantão ou Braquiarão) é muito utilizado de forma extensiva, sem irrigação ou adubação, possui uma boa produtividade de MS, e é resistente a cigarrinha-das-pastagens, principalmente Notozulia entreriana e Deois flavopicta.
Ele também é uma boa opção para diferimento de pasto para o inverno, uma vez que possui menor senescência quando comparada as espécies de Panicum e a Brachiaria decumbens.
Mas atenção, o capim Marandu não é recomendado para solos encharcados.
Brachiaria decumbens
Brachiaria decumbens cv. Basilisk, foi introduzida no Brasil no início da década de 60.
É uma boa opção para solos arenosos e de baixa fertilidade, sendo tolerante a acidez moderada, entretanto, pouco resistente quando acometida ao ataque de cigarrinhas.
Esta cultivar teve grande êxito na substituição de espécies naturais.
Veja a comparação entre a produção de material verde e de folha em kg de matéria seca/ha e porcentagem quando falamos de pastagens de Brachiaria decumbens cv. Basilisk e B. brizantha cv. Marandu sob pastejo contínuo nas águas. Fonte: Euclides et al., 2000
Brachiaria humudícola
Ainda no gênero Brachiaria, temos a Brachiaria humudícola cv. BRS Tupi, como alternativa para áreas úmidas de baixa a média fertilidade.
É uma forrageira com alta produção e propagação, apresenta florescimento precoce, touceiras densas, com folhas longas e estreitas, com sua produção bem distribuída ao longo do ano, o que garante maior desempenho médio quando comparado a cultivar comum (Quicuio).
Gênero Panicum – Capim Colonião e Mombaça
Confira dicas sobre o manejo de entrada e saída do Capim Mombaça com nosso Consultor Guilherme Abud
O gênero Panicum vem sendo cada vez mais utilizado no país.
De modo geral, apresenta alta produtividade em MS/ha/ano e valor nutricional mais elevado quando comparado a braquiária.
Entretanto, é mais exigente em fertilidade do solo e apresenta uma variação maior entre produtividade nos períodos de águas e seca, sendo um desafio nas fazendas para ajustar a variação de carga animal no decorrer do ano.
Vale ressaltar que a forma de crescimento (cespitoso ereto) das panículas promove uma menor cobertura do solo quando comparado as outras formas de crescimento, como das braquiárias por exemplo (decumbente), não sendo recomendadas para áreas muito íngremes.
O capim Colonião é a cultivar mais conhecida do gênero Panicum, e apesar de ser uma das mais antigas, ainda predomina em algumas regiões.
Em meados da década de 90, a Embrapa lançou o cultivar Mombaça, que ganhou grande popularidade entre os pecuaristas, por ter maior relação folha/colmo, apresentar alta produtividade (até 33 ton./há) e ter uma menor senescência na estação seca.
Assim como as outras cultivares do gênero, não se desenvolve bem em solos pobres em fertilidade e regiões com invernos muito rigorosos.
Cultivares Zuri e Quênia
Atualmente, as cultivares BRS Zuri e Quênia, últimos lançamentos mais recentes da Embrapa, já vêm se difundindo por todo país por apresentarem em média 10% a mais de produtividade (carne e leite) quando comparadas ao Mombaça, além de maior teor de proteína.
Ambas com boa resistência a cigarrinha, e suportando solos moderadamente encharcados.
A principal diferença entre as duas forrageiras é que o Quênia é um capim de porte menor e com florescimento precoce, facilitando o controle de crescimento e o manejo safra/entressafra.
Assim como a maioria das panículas, não se desenvolvem bem em solos com baixa fertilidade.
Podemos dizer que não existe capim milagroso, existe capim mais adaptado a determinado sistema produtivo.
É de extrema importância que haja um acompanhamento técnico na implantação das pastagens, considerando todos os fatores citados acima, realizando uma avaliação do potencial produtivo da fazenda antes da escolha da forrageira, respeitando as alturas de entrada, saída, os dias de ocupação e de descanso, além de uma taxa de lotação (kg de PV/ha) ajustada para o período.
Com um bom planejamento conseguimos preservar os elementos principais da propriedade; o solo e a planta. Assim, é possível ter bons ganhos produtivos, tornando a pecuária de corte mais rentável e ecologicamente sustentável.
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