Com o preço da arroba subindo a patamares recordes, tem uma máxima que tenho visto a turma do nosso meio repetir bastante.
É algo mais ou menos assim: ‘Coloque o máximo de carcaça possível no seu animal em terminação para melhorar a relação de troca na compra do bezerro’.
Nesse momento imagino que você já deve estar prevendo: ‘é sério que você acha que isso não está certo?’.
Bom, vamos lá.
Eu diria que concordo com isso sim, em especial, ao ler a palavra POSSÍVEL na frase.
Considerando que o boi é um insumo (o mais caro por sinal) para produzir carcaça na terminação é bem verdade que precisamos explorar bem sua capacidade de formação da carcaça.
Sob o aspecto produtivo, o ponto crucial aqui é: qual a ‘Estrutura Corporal’ desse animal, também chamado de ‘frame’?
Tecnicamente, ele pode ser classificado em uma escala crescente de 3 a 9, um animal nelore normalmente pertencerá a escala 4 (comuns no pantanal, norte de minas), 5 ou 6 (comuns no norte do Mato Grosso e Pará, por exemplo), raças de grande porte como Charolês e Chianina (puros, ok) apresentam frame 9 com frequência.
Veja também: Quanto custa a arroba do boi? Saiba como calcular o custo da arroba produzida
Indivíduos de maior frame possuem capacidade de produzir carcaças maiores e mais pesadas, mantendo seu desempenho produtivo de ganho diário quando outros animais de frame menores já não conseguem responder da mesma forma.
Portanto, quando se fala em explorar ao máximo a carcaça é necessário saber qual é o potencial do grupamento genético dos indivíduos.
Definindo o peso de abate do rebanho na terminação
Vamos lá a mais um exemplo usando o Modelo de Formulação de Cenários da Prodap que conecta os aspectos financeiros, com o valor nutricional dos alimentos e a capacidade específica de resposta do bovino em terminação conforme características do processo, do ambiente e do animal.
Vamos considerar um confinamento de um lote de nelores de médio porte (frame 5).
A modelagem nos fornece o gráfico abaixo para ajudar na tomada de decisão.
A análise do cenário em específico nos sugere que abater os animais em torno de 20@/cab. irá maximizar o lucro da operação.
É nesse momento que você pode pensar ‘e se eu esticar mais e abater esses animais com 22,5@)?’
Neste caso, a relação de troca (boi:bezerro) irá melhorar consideravelmente passando de 2,08 para 2,34 com os inputs do cenário aqui discutido.
Portanto, há realmente uma melhora na relação de troca (um pouco óbvio até aqui, certo?) Agora, melhorar a relação de troca significa que a decisão é a melhor do ponto de vista financeiro?
Como você já percebeu no gráfico abaixo, se esse lote passar de 540Kg de peso ao abate seu resultado (R$/cab) começa a piorar, ou seja, a cada dia que os animais permanecem no confinamento eles gastam mais dinheiro do que ganham em valor.
Vale salientar que o Modelo de Formulação Prodap considera inclusive a evolução de escore corporal (mudança de composição do ganho de peso) dia-a-dia para interpretação deste cenário.
- OPÇÃO 1: Terminação de um animal de 20@ que vale R$ 4800,00 (R$ 240,00/@) onde a engorda obteve um lucro de R$ 427,00 e fez a reposição de um bezerro;
- OPÇÃO 2: Terminação de um animal de 22,5@ que vale R$ 5512,00 (R$ 240,00/@) onde a engorda obteve um lucro de R$ 369,00 e fez a reposição de um bezerro Vou pedir ajuda para da tabelinha abaixo para concluir:
Neste exemplo, para o produtor colocar 2,55@ a mais ele gastou R$ 670,00 (R$ 263,00/@ nestas arrobas a mais o que consumiu R$ 58,00 do seu resultado por cabeça.
O bezerro reposto tem o mesmo valor, mas a sobra no caixa da opção B foi menor em R$ 58,00, mesmo havendo a melhor relação de troca.
A lição do dia é a seguinte: existem muitos indicadores que nos ajudam na interpretação dos cenários e tomada de decisão, mas se você perder o foco dos ‘Indicadores Fim’, ou seja, a ‘última linha’ você começará a perder a direção do seu negócio.
Essa é uma cultura muito forte nos consultores e clientes da Prodap, focar no fim e encontrar meios para chegar lá.
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